Racionalismo

sábado, 29 de março de 2008

Plantas livres para sociedades abertas

A planta livre era característica das construções do racionalismo – em vez de quartos quadrados fechados, espaços abertos que se interpenetravam, sequências espaciais fluidas, podendo ser livremente subdivididas, uma vez que os edifícios comum esqueleto estrutural só necessitam de pilares e não de paredes mestras. Este espaço “fluidificado” encontrou continuidade na cidade dissolvida em bandas e edifícios solitários: uma “cidade de planta livre”, que quase já nada tinha a ver como traçado das ruas. A Carta de Atenas exigia que “a disposição dos edifícios ao longo das vias de tráfego tem que ser proibida”. Esta exigência correspondia à procura de “luz, ar e sol”, segundo uma conhecida palavra de ordem.


Le Corbusier, Vila Savoye, Poissy, 1928 - 1929


Assim , em 1926, Le Corbusier difundiu a elevação das casas sobre suportes finos (pilotis): desta forma os espaços são subtraídos à humidade da terra; têm luz e ar, o terreno de implantação continua a fazer parte do jardim que, deste modo passa por baixo da casa.” A utilização das coberturas planas como zona ajardinada significa “a recuperação de toda a superfície construída para uma cidade”.


Le Corbusier, 1928 - 1929



Ludwig Mies van der Rohe,
Pavilhão da Alemanha na Exposição Mundial de Barcelona, 1929


O racionalismo aposta na inovação radical, na elegância despojada e crua, como Mies van der Rohe exemplificou de forma consumada no pavilhão da Alemanha para a Exposição Mundial de Barcelona, em 1929.



Ludwig Mies van der Rohe,
Pavilhão da Alemanha na Exposição Mundial de Barcelona, 1929


Pouco depois, o arquitecto, que tinha assumido a direcção da Bauhaus em 1930, transpôs esta modelação para um edifício de habitação na Casa Tugendhat em Brünn. A planta livre, tanto do espaço interior quanto do exterior, corresponde à posição do homem moderno. Já não existe uma imagem rígida do mundo, nenhum modelo de sociedade no qual a cada pessoa correspondia um lugar fixo. Já nem sequer existe um ângulo de visão obrigatório sobre os edifícios: o complexo da bauhaus desenhado por Gropius já não possui uma fachada principal, ou seja, um lado de “exposição” definido. O edifício oferece uma imagem sempre nova de acordo com as várias orientações perspécticas. Trata-se claramente de uma expresão do pluralismo.


Pavilhão da Alemanha, 1929.

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