Racionalismo

sábado, 29 de março de 2008

A Nova Objectividade significou para a arquitectura alemã, holandesa e checa, a nitidez das formas, a pureza das superfícies, ou seja linhas direitas, ângulos rectos, formas elementares austeras e lisas, que deveriam parecer executadas por máquinas; significou também uma preferência por coberturas planas, em torno das quais se gerou, entre diversos grupos, uma acesa discussão, como se entre a existência do Ocidente dependesse apenas da forma dos telhados. A maioria das vezes os edifícios eram paralelepipédicos e rebocados de branco; contudo, arquitectos como Bruno Taut ou le Corbusier também cultivaram uma modelação fortemente colorida, em que vários elementos arquitectónicos apresentavam cores diferentes como, por exemplo, varandas e caixas de escadas pintadas em tonalidades diferentes da fachada. A “assimetria equilibrada” tinha tomado o lugar da simetria que, durante séculos, determinara a arquitectura. Também se tornaram típicas as bandas de janelas que estruturavam a fachada a fachada a toda a largura, as fachadas-cortina em vidro ou os pilotis, sobre os quais as casas pareciam pairar acima do solo. Em qualquer dos casos, tirava-se partido do método de construção em aço ou em aço e betão. A estrutura da casa, reduzida aos seus pilares e vigas, tornava-se visível do exterior: a função e a construção deviam formar uma unidade.
A sede da Bauhaus, em Dessau, projectada por Gropius, é um bom exemplo: o complexo é constituído por três corpos principais ligados entre si, onde se encontram instaladas as funções essenciais do edifício. A ala das oficinas, que necessita de muita luz, possui uma
fachada-cortina em vidro. No edifício dos cursos teóricos encontram-se bandas de janelas. O corpo administrativo, instalado num elemento em ponte sobre uma rua, estabelece a ligação entre estes dois edifícios. No lar dos estudantes, a individualidade dos vários quartos é realçada com varandas e janelas individuais.
Porém , é errado presumir que a forma de um edifício funcionalista resultaria praticamente por si mesmo. Como sempre são necessários o espírito criador do artista e a sua mão ordenadora e organizadora para encontrar uma forma com sentido simples, funcional e, desta modo, adequado, porque “ A repetição interminável de edifícios de escritório, com a forma de uma caixa reticulada, projectados segundo um esquema comprovado, não é arte”.



Walter Gropius: Bauhaus, Dessau, 1925 - 26

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